Data: 08-10-2020
Mês: Outubro
Ano: 2020

O Banco de Portugal publicou hoje as contas nacionais financeiras relativas ao 2º trimestre de 2020 e deu início à publicação de informação relativa às interligações entre sectores. Esta nova informação torna possível aferir as relações de financiamento intersectoriais da economia e desta com o exterior e a construção do fluxo de fundos.

A economia portuguesa apresentou, no ano acabado no 2º trimestre de 2020, uma capacidade de financiamento de 0,8% do PIB.

Este resultado reflete a capacidade de financiamento dos particulares e das sociedades financeiras (respetivamente de 4,0% e 1,9% do PIB), a qual excedeu a necessidade de financiamento das sociedades não financeiras e das administrações públicas (respetivamente de -3,3% e -1,9% do PIB).

Em comparação com os fluxos apurados para o ano acabado no 2º trimestre de 2019, é de referir o incremento na capacidade de financiamento dos particulares (2,5 pp) e a redução nos sectores das administrações públicas (-1,9 pp), das sociedades financeiras (-0,5 pp) e das sociedades não financeiras (-0,2 pp).

No ano acabado no 2º trimestre de 2020 destacam-se as seguintes relações financeiras entre os vários sectores da economia e o exterior:

- Os particulares foram o maior financiador das sociedades financeiras (em 4,5% do PIB), as quais, por sua vez, financiaram as administrações públicas e o resto do mundo (em 4,6% e 3,3% do PIB, respetivamente).

- As administrações públicas, apesar de apresentarem necessidades de financiamento, financiaram as sociedades não financeiras, o resto do mundo e os particulares (em 1,4%, 0,9% e 0,6% do PIB).

- O resto do mundo financiou, sobretudo, as sociedades não financeiras (em 3,3 por cento do PIB), embora tenha tido necessidades de financiamento.

Em comparação com o período homólogo, destacam-se as seguintes alterações mais significativas nos fluxos de financiamento intersectorial:

- O financiamento líquido das sociedades financeiras às administrações públicas aumentou face ao homólogo (+3,9 pp), o que contribuiu para fazer face à necessidade de financiamento das administrações públicas já referida.

- As sociedades não financeiras apresentaram alterações no sentido dos fluxos de financiamento líquido, passando a ser financiadas pelos particulares e financiadoras das sociedades financeiras.

No que respeita às posições em fim de período, os particulares evidenciaram um aumento dos ativos financeiros líquidos de 6,4 pp do PIB face ao trimestre homólogo, ao contrário das sociedades não financeiras que registaram uma diminuição dos ativos financeiros líquidos (-4,5 pp do que no 2º trimestre de 2019). Estas evoluções refletem as transações no período em análise, assim como o efeito da redução do PIB.  

No final do 2º trimestre de 2020, a economia portuguesa apresentava uma posição financeira líquida face ao resto do mundo de -102,8% do PIB, que compara com -104,6& do PIB no final do trimestre homólogo de 2019.

 

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(Gráfico: Banco de Portugal)

 

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