Segundo o Banco de Portugal, até outubro de 2020, registou-se um défice de 90 milhões de euros no conjunto das balanças corrente e de capital, o que compara com o excedente de 1.621 milhões de euros em igual período de 2019.
O défice observado até outubro resulta dos défices das balanças de bens e de rendimento primário, que foram parcialmente compensados pelos excedentes das balanças de serviços, de rendimento secundário e de capital.
Até outubro, as exportações de bens e serviços decresceram 22,0% (10,9% nos bens e 40,0% nos serviços) e as importações diminuíram 17,4% (15,6% nos bens e 24,9% nos serviços). Neste período, o défice da balança de bens diminuiu 4.545 milhões de euros face ao período homólogo, fixando-se em 9.622 milhões de euros. Contudo, o excedente da balança de serviços reduziu-se em 8.415 milhões de euros, para 7.036 milhões de euros. Esta redução foi maioritariamente justificada pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica viagens e turismo, de 7.244 milhões de euros.
Em outubro, as exportações e as importações de bens e serviços registaram decréscimos homólogos de 15,1% (decréscimos de 2,6% nos bens e de 37,3% nos serviços) e 14,6% (decréscimos de 11,6% nos bens e de 27,6% nos serviços) respetivamente. Destacou-se a redução do saldo das viagens e turismo em 721 milhões de euros, resultante de um decréscimo de 55,8% nos créditos e de 38,2% nos débitos.
Entre janeiro e outubro de 2020, o défice da balança de rendimento primário reduziu-se 1.971 milhões de euros relativamente ao período homólogo, para 2.500 milhões de euros. A diminuição do défice foi, em grande medida, justificada pela redução do pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residentes. O excedente da balança de rendimento secundário decresceu 79 milhões de euros, devido à evolução das transferências correntes. Por seu turno, o saldo da balança de capital cresceu 266 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, em resultado, principalmente, de um aumento dos recebimentos de fundos comunitários.
(Gráfico: Banco de Portugal)
Até outubro de 2020, o saldo da balança financeira registou um aumento dos ativos líquidos de Portugal face ao exterior no valor de 421 milhões de euros. Esta subida deveu-se sobretudo a uma redução de passivos, através dos depósitos de não residentes em bancos portugueses, e a um aumento de ativos, através do investimento em títulos de dívida emitidos por estados-membros da União Monetária, por parte dos bancos e das sociedades de seguros e fundos de pensões. Em sentido contrário, verificou-se um aumento de passivos do Banco de Portugal junto do Eurosistema e do investimento de não residentes em títulos de dívida pública portuguesa.
(Gráfico: Banco de Portugal)
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