Número: 150
Autor(es): Pedro N. Ramos, João Ferreira, Luís Cruz e Eduardo Barata
Mês: Maio
Ano: 2020

Os modelos input-output propõem-se representar as interdependências setoriais, a densa rede das relações entre produções de diferentes produtos, no seio de uma economia. Às interdependências setoriais juntam-se muitas vezes relações entre espaços regionais. Na última década, o desenvolvimento de modelos inter países, cobrindo toda a economia mundial, permitiu à análise input-output conquistar importância crescente, uma vez que permite traçar e caracterizar, detalhadamente, cadeias globais de valor. O eclodir da crise da COVID-19 vem reforçar a importância da análise da estrutura setorial das economias e acentuar ainda mais o interesse pelas cadeias de valor à escala mundial. É notório que a paralisação das economias, por razões sanitárias, pode deixar sem componentes imprescindíveis várias empresas, muitas vezes noutro(s) continente(s), levando à interrupção dos seus processos produtivos. Também a alteração dos perfis de procura poderá ter consequências dramáticas, e diferenciadas nos diferentes cantos do mundo. Usando o modelo World Input-Output Database (WIOD), desenvolvemos um exercício hipotético em que dividimos os produtos em essenciais e não essenciais, e admitimos uma quebra para metade da procura final dos não essenciais. Admite-se um choque simétrico, mas os países são atingidos com intensidade díspar, em função da desigual estrutura das suas economias. O objetivo é o de descortinar tendências, permitindo identificar quais os mais afetados pelo efeito da alteração do padrão global do consumo, nomeadamente em termos do Valor Acrescentado Bruto e do comércio internacional. 

 

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